sábado, 17 de dezembro de 2011

Guajará Mirim, a pérola que nunca perde seu brilho

Até os anos finais do século XIX, Guajará Mirim constituía-se apenas de alguns seringais, sem nenhuma povoação que chamasse a atenção. Com a construção da Ferrovia Madeira-Mamoré teve inicio a formação de um núcleo urbano a partir do ponto final da estrada de ferro. O nome Guajará Mirim em dialeto indígena local significa "Cachoeira Pequena". A região tinha seus seringais explorados pela Guaporé Rubber Company, então gerenciada pelo Coronel Paulo Saldanha.  
Associação Comercial de Guajará Mirim e ao fundo Caixa D'água da E.F.M.M.
Dentre os principais seringais locais destacavam-se o Rodrigues Alves, Santa Cru e o Renascença. Os seringueiros viviam da coleta do látex e de um reduzido comércio com a vizinha povoação boliviana de Guayaramerim. Os indígenas que infestavam a região representavam uma constante ameaça e impedimento ao trabalho dos seringueiros. Dentre eles destacaram-se os Pacaás Novos.


Estação Ferroviária de Guajará e Museu da cidade.
Em 8 de outubro de 1912, foi instalado um posto fiscal em Guajará Mirim administrado pelo guarda Manoel Tibúrcio Dutra. O município foi criado em 1928, pela lei n° 991, assinada pelo presidente do estado do Mato Grosso, Mário Correia da Costa. A instalação do município da Comarca ocorreu em 10 de abril de 1929, tendo como lº Intendente nomeado, Manoel Boucinhas de Menezes.
Segundo viajantes que por Guajará Mirim passaram na década de 20, esta cidade não diferia muito de Porto Velho em sua origem. Ao lado planejado das residências e escritórios da ferrovia surgiu um núcleo de povoamento com edificações improvisadas. Situação curiosa da de Guajará-Mirim, semelhante a de Santo Antônio do Rio Madeira. Pertencente ao estado do Mato Grosso comunicava-se mais intensamente com Porto Velho no estado do Amazonas, com a Bolívia através de Guayaramerim e com Vila Bela no Mato Grosso. Determinava essa proximidade a ferrovia e os fios Guaporé e Mamoré do mesmo modo que Vila Bela comunicava-se mais intensamente com Guajará Mirim e Porto Velho que com a capital do Mato Grosso. O difícil acesso por terra até Cuiabá encontrava sucedâneo na navegação do Guaporé e Mamoré. Assim Vila Bela, a capital do Mato Grosso até 1820, possuía maior vínculos com Guajará-Mirim que com Cuiabá.
Guajará Mirim era servida por algumas dezenas de embarcações de bandeira nacional e boliviana. Vapores de roda na popa, lanchas a hélice além de outros tipos de embarcação faziam o percurso de 8 a 15 dias pelo Guaporé até Vila Bela e pelo Mamoré até a capital do Beni, Trinidad. Em 193 1 um antigo administrador dos seringais da Guaporé Rubber e da Júlio Muller, o Cel. Paulo Cordeiro da Cruz Saldanha, criou a Empresa de navegação dos rios Mamoré e Guaporé que, subvencionada pelo governo federal, passou a servir o trajeto para Vila Bela e o Forte Príncipe da Beira. Em 1943 essa empresa foi comprada pelo governo federal, transformando-se no Serviço de Navegação do Guaporé.


Igreja Nossa Senhora dos Seringueiros
Nas primeiras décadas desse século possuia Guajará-Mirim um comércio regular de bens e serviços para atender à população além de diversos órgãos públicos. Delegacia de polícia com efetivo de 10 praças e um sargento da força estadual, coletoria, posto fiscal, telégrafo e correio, escolas, cinema, dezenas de casas comerciais e uma população em tomo de 1500 pessoas. Essa populaçào, como em Porto Velho, era composta por elementos das mais diversas nacionalidades: gregos, turcos, japoneses, espanhóis, barbadianos, portugueses, ingleses, americanos, franceses.
 

Embarções no Rio Mamoré em Guajará Mirim
Ressentiam-se as autoridades de Guajará-Mirim nessa época da ausência de um contingente militar para guarnecer a fronteira, o Forte Príncipe da Beira encontrava-se em minas. Guayaramerin, fronteiro apesar de uma população estimada em 400 pessoas possuía um quartel com 100 praças e os oficiais, além de uma capitania da porto. Esta situação foi resolvida durante o período Vargas quando em 1932 foram criados os Contigentes Especiais de Fronteira em Porto Velho, Guajará-Mirim e Forte Príncipe da Beira subordinados a inspetoria do Capitão Aluízio Pinheiro Ferreira.

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