segunda-feira, 30 de abril de 2012

Meu Brasil Negro

Todos os anos repete-se a mesma informação sobre o Brasil: somos campeões mundiais de má distribuição de renda, índice da desigualdade. Entra ano, sai ano, quase sempre a mesma situação: é gigantesca a diferença de renda entre os que estão no topo da escala e os que estão na base. Traduzindo: poucos ganham muito e muitos ganham pouco.
Há uma série de explicações para essa diferença de renda. E uma delas está justamente na escravidão. O Brasil foi a última nação independente a decretar o fim da escravidão, o que só ocorreu, em larga medida, devido à pressão internacional, mais precisamente dos ingleses. Fazendeiros argumentavam na época que o fim da escravidão, afetaria a saúde econômica da nação e tentavam, de todas as maneiras, burlar as restrições legais ao tráfico.
Mais do que a própria independência, o movimento abolicionista foi a primeira grande articulação cívica brasileira. Veio o final da escravidão, mas ele não significou, de fato, a emancipação dos negros. Os negros ainda são a maioria entre os analfabetos e a minoria, entram nas faculdades, trabalham igual aos brancos e ganham menos, são a maioria entre os desempregados, recebem menos educação e são discriminados. Os negros acabaram se mantendo na base da escala social e são as principais vítimas da má distribuição de renda.
Por mais de três séculos os brasileiros e portugueses assistiram os castigos excessivos praticados pelos senhores de escravos, mas naquela época poucos foram os que contestaram e combateram tal atrocidade, e fatos como à escravidão permaneceram como normalidade na sociedade brasileira. Mesmo depois de um século do fim da escravidão negra, percebemos que alguns conceitos não mudaram em nossa sociedade. O Brasil, multirracial ainda leva consigo algo imundo como os esgoto a céu aberto, o preconceito racial. Parece que poucas coisas mudaram e agora a corrente não é mais visível, ela é vedada e mascarada pelo comportamento de um País que não desenvolve meios para pagar-mos uma grande dívida, com os homens e mulheres, que sofreram no passado do Brasil Colônia, e tem em seus descendentes a esperança de uma mudança ainda maior. O fim do preconceito racial.

Aleks Palitot
Historiador

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